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Qualis X JCR x Scimago

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O Qualis da CAPES é um dos indicadores brasileiros mais importantes utilizados na avaliação de publicações científicas.

Com a atualização desse indicador esta semana, convém lembrar que além dele existem outro indicadores para avaliação, sendo o Fator de Impacto do Journal Citation Reports (acesso pago) e o Scimago (acesso livre) bastante difundidos.

A diferença entre eles é que o Qualis apresenta uma avaliação qualitativa e o Fator de Impacto (Journal Citation Reports) e o Scimago apontam avaliação quantitativas. Na tabela acima, são apresentados os três periódicos nacionais da área de Ciência da Informação que estão indexados na base de dados Web of Science e que refletem, em parte, a internacionalização da pesquisa brasileira nessa área.

Vale a pena conferir o Fator de Impacto (Journal Citation Reports) e o Scimago e cruzar com os dados do Qualis na hora de selecionar uma publicação científica para enviar um artigo, já que os dados quantitativos dão uma noção mais precisa da qualidade de uma publicação.

 

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Fator de impacto: o fetiche do cientista

21/05/13 – 15:56
POR RAFAEL GARCIA

Capas de algumas das revistas científicas indexadas com maior fator de impacto (Imagem: reprodução)

POUCA COISA NO MUNDO é mais imprecisa do que a cientometria, a ciência que usa números para medir a qualidade da ciência. Essa disciplina tem seu mérito e sua utilidade, mas é vítima de uma ironia da condição humana: estudos científicos são trabalhos que buscam construir conhecimento com a maior objetividade possível, mas só podem ser avaliados com justiça quando alguém tem paciência para analisá-los um por um, subjetivamente, sem apelar demais para os números da cientometria.

Apesar de essa afirmação soar paradoxal, a maioria dos cientistas tende a concordar com ela. Os abusos cometidos contra esse princípio, porém, são tão comuns que motivaram agora uma campanha ética na comunidade acadêmica. Um grupo de pesquisadores está querendo acabar com o uso indiscriminado do chamado fator de impacto, o índice cientométrico considerado por muitos a medida da qualidade de uma revista científica.

Num manifesto batizado de DORA (Declaração sobre Avaliação de Pesquisas, acrônimo em inglês), lançado em San Francisco, um grupo de cientistas pede que o fator de impacto das revistas em que estudos são publicados deixe de ser usado em decisões importantes. O documento pede que esse índice seja ignorado em decisões sobre contratação, premiação, promoção e financiamento de cientistas.

Para entender o problema em torno do fator de impacto, é preciso conhecer um pouco melhor a dinâmica das referências que cientistas fazem uns aos outros em trabalhos científicos. A base da cientometria está na análise das redes de citações —as menções que um estudo faz a outros estudos. Trabalhos mais importantes tendem a ser mais citados que trabalhos irrelevantes, e toda a lógica da cientometria se constrói em cima disso. O que ela nem sempre leva em conta, porém, é que cientistas sabem como alavancar artificialmente as citações a seus próprios trabalhos.

Um pesquisador pode pedir a um colega que o cite para depois retribuir o favor. E se um cientista fatiar o resultado de uma pesquisa em vários estudos (em vez de publicar tudo num único trabalho mais completo), pode vir a receber mais citações. Usando essas táticas de mérito duvidoso, um pesquisador pode turbinar sua produtividade e sua aparente influência quando estas forem estimadas partir do número de citações por estudo publicado.

Há alguns métodos estatísticos para impedir que distorções apareçam, mas a eficácia de cada um depende muito da área da ciência à qual é aplicado. Algo que costuma ser aceito como um selo de qualidade de um estudo, porém, é o fator de impacto da revista em que o trabalho é publicado. O fator de impacto é medido pelo número total de citações que uma revista recebe em dois anos dividido pelo número total de artigos publicados no período.

A aceitação em um revista de alto impacto é encarada com um cartão de visitas de gala para um estudo. A disputa para entrar nessas publicações é acirrada, e os comitês que analisam os artigos submetidos costumam ser muito rigorosos. Cientistas com muitos trabalhos publicados  em periódicos como “Science” e “Nature”, por fim, acabam se cacifando para ocupar cargos mais altos e receber verbas maiores.

Mas há uma coisa na ciência que é um segredo de polichinelo: a vasta maioria dos estudos publicados em revistas de alto impacto, na verdade, não é muito influente.

O “Journal of Cell Biology”, uma revista de alto impacto que se comprometeu a adotar as medidas propostas pelo DORA, explica o problema em seu editorial desta semana: “O fator de impacto de uma revista científica pode ser impulsionado por apenas uns poucos artigos altamente citados, mas todos os artigos publicados em uma dada revista, mesmo aqueles que nunca são citados, são tidos como detentores do mesmo impacto.”

O problema em atribuir importância demais às revistas em que um pesquisador publica seus estudos é que isso gera uma cultura de menosprezar outros critérios de avaliação curricular. O DORA ressalta que os resultados da pesquisa científica são muito variados e não se resumem a artigos. Uma pesquisa pode criar bancos de dados, softwares, novos materiais e métodos de pesquisa, além de servir para treinar novos cientistas.

Essa campanha ética começou no campo da biologia celular por ser uma área onde o fetiche do fator de impacto é particularmente nocivo, mas isso se estende por todas as ciências naturais. Outro problema por trás dos fatores de impacto é que áreas da ciência muito concorridas tendem a ver a formação de “panelinhas” de cientistas que dominam algumas das publicações mais disputadas. Isso não é novidade, e todo pesquisador sabe disso.

Um dos problemas apontados no manifesto é que muitos estudos preferem citar artigos de revisão no rodapé, em vez de usarem referências a descobertas originais. Isso prejudica o mérito individual de estudos realmente inovadores e faz com que várias revistas com a palavra “review” no nome adquiram impacto altíssimo.

Justiça seja feita, a culpa de tudo isso não é da cientometria. O fator de impacto foi criado para orientar bibliotecas sobre quais revistas assinar, não para avaliar a qualidade da ciência publicada nelas. A própria Thomson Reuters, empresa que faz o levantamento sobre fator de impacto hoje reconhece isso em sua definição sobre o índice. E uma das recomendações mais diretas do DORA é que revistas deixem de alardear seus fatores de impacto em suas campanhas promocionais.

Resta saber se a campanha contra o fator de impacto vai sensibilizar a comunidade científica. Se o movimento ficar restrito a uma meia dúzia de pesquisadores, instituições e publicações, aqueles que aderirem podem sair prejudicados no fim. Mas algumas grandes revistas já assinaram o manifesto, incluindo a “Science”, que publicou um editorial sobre o assunto. A “Nature” rejeitou o documento, alegando que há itens demais agrupados numa declaração só, o que generaliza demais o problema. Uma demanda do DORA claramente difícil de atender é que a Thomson Reuters abra de graça o banco de dados que usa para calcular o fator de impacto. A “Nature” se declara contrária a abusos no uso do fator de impacto, porém, e já reforçou o ponto em vários editoriais.

Agências de fomento de pesquisa, como o brasileiro CNPq, têm procurado adotar critérios mais específicos e menos cientométricos para conceder suas “bolsas de produtividade em pesquisa”. Mas isso não impede que revisores individuais deixem de ser seduzidos por fatores de impacto maiores.

Pessoalmente, tendo a concordar com alguns argumentos da “Nature” para não assinar o documento. Independentemente do fator de impacto, algumas publicações sempre terão mais prestígio que outras. E é bom que exista um mercado onde diferentes cientistas disputem espaço por mais atenção. Jornalistas sabem que a probabilidade de uma pesquisa importante sair na “Science” é muito maior do que no “Australasian Journal of Applied Nanoscience”.

Com o financiamento à ciência mundial ainda abalado pela crise, não está claro se medidas paliativas como essa vão diminuir o clima de canibalismo e de vale-tudo que está se instaurando em algumas áreas da ciência. Mas se alguém tem de sair perdedor, que pelo menos as regras do jogo sejam mais claras. O DORA tem um mérito importante nesse aspecto.

__________________________________________________________________________

PS. Osame Kinouchi, do blog Semciência, levanta uma questão interessante, pertinente ao universo brasileiro das avaliações acadêmicas: “A CAPES ranqueia os programas de pós-graduação usando o fator de impacto das publicações do programa, o assim chamado QUALIS.  Imagino que aceitar o DORA significa rejeitar o QUALIS. Ou não?”

Disponível em: <http://teoriadetudo.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/fator-de-impacto-o-fetiche-do-cientista/>. Acesso em: 14 out. 2013.

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VIII Semana “A Pós-Graduação da EESC na Biblioteca”

Programação

24/04/2012 – terça-feira

10h00 às
12h00
Ética em Pesquisa
Profa. Dra. Mônica Hermam Salem Caggiano , Presidente da Comissão de Pós-Graduação, Faculdade Direito/USP
14h00 às
16h00
Creative Commons e Comunicação Científica
Pedro Nicoletti Mizukami, Creative Commons no Brasil, Fundação Getúlio Vargas
18h30 às
20h30
MINI CURSO: Elaboração de Artigo Científico
Elenise Maria de Araújo—Bibliotecária da EESC

25/04/2012 – quarta-feira

09h00 às
11h00
Wikipédia na Academia: cópia, plágio e oportunidades colaborativas
Everton Zanella Alvarenga/Rodrigo Pissardini, Wikimedia Brasil
16h00 às
18h00
A importância do profissional eticista no mundo contemporâneo
Prof. Carlos Goldenberg, SEL/EESC
18h30 às
20h30
MINI CURSO: Referências e Citações
Elena Luzia Palloni Gonçalves—Bibliotecária da EESC

26/04/2012 – quinta-feira

09h00 às
11h00
Ética e Plágio em Pesquisas Científicas
Prof. Sigmar de Mello Rode, Presidente da ABEC Associação Brasileira de Editores Científicos, UNESP-São José dos Campos
14h00 às
16h00
Índice H e fator de Impacto
Marcos Criado/DOTLIB
16h00 às
18h00
Treinamento EndNote Web
Eliana Maria Garcia (ESALQ/USP)

Inscrições e maiores informações no sitedo evento,

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Creative Commons e Comunicação Científica
Pedro Nicoletti Mizukami, Creative Commons no Brasil, Fundação Getúlio Vargas
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Periódicos brasileiros em discussão

Foto por Eduardo Graziosi Silva

O II Seminário de Avaliação do Desempenho dos Periódicos Brasileiros no JCR 2010 aconteceu no último dia 16/9, na FAPESP, em São Paulo.

O evento começou com as boas-vindas do Presidente da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, o qual apresentou alguns dados sobre a ciência brasileira em geral, referente ao período de 1900 a 2010. Números a parte, destaco os seguintes pontos de sua fala:
– os números dizem pouco, pois é preciso olhar para o conteúdo do que a ciência brasileira publica;
– deve-se observar como a “contagem” é feita, ou seja, como são gerados os indicadores científicos, e o que acontece na ciência;
– a comparação do Brasil com a China e do Brasil com a Espanha deve levar em conta não somente aspectos científicos, pois enquanto que no primeiro caso a diferença se deve também a fatores populacionais, no segundo deve-se a inserção de mais revistas, de ambos os países, nas bases de dados, ou seja, ciência é mais do que dados científicos: há que se considerar dados sociais, econômicos, políticos. Toda comparação, portanto, exige cuidado.

A primeira apresentação, “Os periódicos brasileiros na comunicação da pesquisa nacional”, foi feita por Abel L. Packer, Coordenador Operacional do Projeto SciELO. Foram apresentados alguns dados e também feitas algumas considerações sobre a questão. O SciELO tem apresentado um crescimento estável de 5% nos últimos anos. Outra informação curiosa é que não há consenso sobre qual é o núcleo de periódicos brasileiros, pois do total existente, 90 deles estão indexados no SciELO, Web of Science e Scopus. Também achei interessante a referência ao fenômeno das citações domésticas, ou seja, autores brasileiros citam autores brasileiros, contribuindo para o aumento do fator de impacto dos periódicos nacionais. Além disso, o acesso à ciência brasileira é privilegiado, pois praticamente 100% dos periódicos nacionais estão em acesso aberto, que ao lado da dispersão editorial e da internacionalização pró-ativa contribuem para maior visibilidade da ciência feita no Brasil.

A segunda apresentação, cujo título é “O dilema dos periódicos brasileiros”, foi proferida por Rogério Meneghini, Coordenador Científico do Projeto SciELO. Inicialmente foi apresentado o ciclo da produção científica, constituído pelos seguintes elementos: cientista, infraestrutura, projetos, desenvolvimento de projetos, resultados, discussão informal com os pares e publicação (nacional e internacional). Foi muito bem lembrado que, no que tange às publicações científicas, há uma guerra comercinal nos países desenvolvidos, enquanto que os nos emergentes há uma necessidade de dar vazão à produção científica que não encontra espaço em periódicos internacionais, bem como mostrar assuntos de interesse local. Diante dos indicadores apresentados dos países BRICS, constata-se que o Brasil encontra-se em boas posições e que os os publishers internacionais tem sido crescente no fator de impacto dos BRICS.

Já a terceira apresentação, “Las revistas españolas”, foi proferida por Félix Moya, CSIC/SCImago Research Group. Sob seu ponto de vista, os indicadores da Scopus e da Web of Science permitem apenas tirar conclusões gerais sobre os países e há dificuldade para revistas de países emergentes se inserirem no cenário internacional. Também no que diz respeito à batalha comercial de periódicos, Félix apontou que as grandes editoras as vezes incluem periódicos de países emergentes e outras que não correspondem aos padrões exigidos para indexação apenas para aumentar a competição com os concorrentes, exigindo especial atenção do pesquisador na escolha de periódicos para publicar seus trabalhos, por exemplo.

No caso espanhol, também foi levantado que houve uma entrada massiva dos periódicos na Scopus e na Web of Science devido a compra dos mesmos pelas grandes editoras. Diante disso, foi colocada a questão: se foram comprados, quais são os periódicos autenticamente espanhóis? Como fica a ciência espanhola? Interessante questão! Em relação ao Brasil, foi apresentado que há muitas publicações sem colaborações, sendo que seria interessante sua existência, principalmente com instituições internacionais de maior impacto que uma determinada instituição brasileira, de modo a contribuir na internacionalização da ciência brasileira e aumento de sua reputação.

Após o intervalo, ocorreu o Painel de Editores, sendo que cada um deles apresentou iniciativas que contribuíram para o aumento da visibilidade dos seus respectivos periódicos. Como cada um apresentou dados quantitativos referentes aos seus periódicos, o que relato abaixo são falas que me chamaram mais a atenção e que considero pertinentes para refletir.

“As certezas e incertezas do Fator de Impacto. Como o periódico Clinics se move nos meandros das citações” foi a palestra proferida por Maurício Rocha e Silvia, Editor da Clinics. De sua fala, destaco os seguintes pontos:

1. Há uma “síndrome da baixa auto-estima dos países de língua latina”, isto é, há poucas auto-citações (controvérsias sobre isso a parte…) dos trabalhos de pesquisadores latino-americanos, que muitas vezes consideram os trabalhos dos países desenvolvidos de qualidade superior. Maurício apontou que ao eliminar as auto-citações dos rankings dos EUA e da China, por exemplo, os mesmos sofrem considerável redução.

2. Há muitas revistas em áreas que não precisam de tantas, sendo que sua fusão poderia levar a uma força que iria permitir a captação de mais recursos, agilizaria o tempo de resposta aos autores e outros benefícios.

3. “Publicar em revistas internacionais garante status, mas não citações.” (retirado de um slide do palestrante)

A segunda palestra, “A internacionalização da Scientia Agricola rumo à corrente principal”, foi proferida por Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, Editor da Scientia Agricola. Atualmente considerada a melhor revista da área de Ciências Agrárias do Brasil, Luís Reynaldo apontou que antes de ocupar essa posição os prováveis motivos que levavam o periódico a ter baixo fator de impacto eram o português; a entrada de muitas revistas a pouco tempo na base de dados; e o perfil de publicação da maioria dos pesquisadores.

Também foi discutida a questão da auto-citação, que no tanto no caso brasileiro como internacional afeta o perfil das melhores revistas. Em relação aos periódicos de Ciências Agrárias, no Brasil o índice é de 0,47 considerando a auto-citação e 0,30 sem auto-citação, enquanto que no mundo esse índice é 2,47 com auto-citação e 2,08 sem auto-citação.

Algumas ações que foram tomadas pelos editores para elevar o fator de impacto da Scientia Agricola foram a publicação em inglês desde 2003 e a amplicação de editores e revisores do exterior, o que acarretou no aumento do número de autores estrangeiros assim como no aumento das citações de autores estrangeiros.

Em seguida, foi apresentada a palestra “As fortalezas das Memórias que sustentam o seu impacto”, por Claude Pirmez, Editora Associada das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Trata-se do periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que publica 8 números por ano e cujo escopo são as áreas de Medicina Tropical e Parasitologia, desde 1980, pois antes disso o escopo contemplava outros assuntos. Algumas ações tomadas para aumentar a visibilidade desse periódicos podem ser conferidos na cronologia abaixo:

1980: reativação do periódico (pois foi publicado com certa irregularidade desde seu lançamento no início do século XX)
1984: auxílio do CNPq e inclusão de editores científico e administrativo
1985: inclusão de editores associados
1989: indexação no ISI, mudança de layout e publicação preferencialmente em inglês
1993: profissionalização da equipes e inclusão no SciELO
1997: publicação on-line

Os seguintes fatores foram destacados por Claude no que se refere ao aumento do fator de impacto do periódico: quadro de editores associados; acesso aberto (para autor e leitor); disponibilidade web de todos os números; fator ‘CAPES’; e reviews. A manutenção desse indicador foi conseguida com a publicação quase ininterrupta do periódico desde 1909; investimento em equipe especializada; investimento na tradução para o inglês.

A próxima apresentação, “Por onde anda o impacto dos periódicos das ciências humanas?”, foi proferida por Charles Pessanha, Editor da Dados – Revista de Ciências Sociais. Foi apontado que o perfil de publicação da área de Ciências Humanas é diferente das demais áreas anteriormente apresentadas, sobretudo por conter muitas publicações
em vários idiomas, ser heterogênea e sofrer forte concorrência do livros. Especificamente no que tange ao JCR, foi esclaredico que as Ciências Humanas foram incluídas há pouco tempo na base de dados, sendo que nessa área o periódico Dados é o que apresenta esse indicador há mais tempo.

Por fim, Luiz Carlos Dias, Editor do Journal of the Brazilian Chemical Society, proferiu a palestra “Os avanços e desafios da Sociedade Brasileira de Química na profissionalização da editoração e publicação científica no Brasil”. Apontou que a Sociedade Brasileira de Química possui vários periódicos em sua área, voltado desde o Ensino Médio até publicações científicas.

Um dado curioso é que a Revista Virtual de Química (salvo engano meu), adota a prática de incluir editores com mais tempo de casa com editores “mirins”, isto é, jovens doutores em Química avaliam os artigos recebidos juntamente com os editores do periódico. Vale ressaltar que essa prática também foi mencionada por Charles Pessanha, que afirmou ter tido bons resultados com a mesma.

Outro dado até então não comentado foram as causas de rejeição de artigos, sendo as mais comuns a recusa pelo editor, o fato do artigo não pertencer ao escopo da revista, plágio, o fato do artigo não seguir as normas do periódico e a baixa qualidade. A taxa média de rejeição de artigos apresentada pelos editores varia entre 60% e 70%. Além disso, Luiz Carlos também lembrou que o Qualis deve ser utilizado apenas para avaliação na Capes e lancçou uma questão para a FAPESP e o SciELO: Como colocar o número DOI assim que o artigo é publicado? Atualmente, o DOI é incluído após a publicação do mesmo. Também achei curioso o fato que o custo anual de publicação da revista, ressaltando que se trata da área de Química, gira em torno de R$440 000 por ano!

A terceira parte do evento ocorreu com comentários, sugestões e exposições de outros editores sobre as apresentações supracitadas. Esse momento foi iniciado por Denise Ruschel Bandeira, Editora da Psicologia: Reflexão e Crítica, que fez as seguinte colocações:

1. As áreas do conhecimento humano são diferentes e tem olhares diferentes, e tal fato deve ser levado em consideração no momento de avaliação.

2. A questão da origem do financiamento foi pouco discutida.

3. Uma alternativa seria cobrar por artigo publicado enquanto a revista não for comprada por uma editora que possa fortalecê-la, com todos os benefícios e malefícios que isso possa acarretar.

4. A publicação em inglês coloca-se como um desafio e apresenta altos custos.

Já Edgar Dutra Zanotto, Ex- Editor do Materials Research, fez as seguintes considerações:

1. O tema “cite half life” foi pouco citado.

2. Há outros indicadores além do fator de impacto, que foi extensamente analisado a apresentado.

3. As áreas são distintas e isso deve ser considerado no momento de avaliação.

4. Os autores querem tempo e qualidade.

5. É necessário dar feedback aos revisores porque sem eles as revistas não funcionam; o mesmo vale para os autores, pois em última instância são “clientes” da revista.

Em seguida, foi a vez de Emilson França de Queiroz, Editor da Pesquisa Agropecuária Brasileira:

1. A busca pela qualidade é grandiosa, mas exige grande esforço e leva muito tempo.

2. A qualidade tornou-se um ponto central com a globalização.

3. A profissionalização do editor pode ocorrer de duas maneiras: pela prática profissional ou ser desenvolvido pelo SciELO, Capes ou outras agências de pesquisa.

4. Emilson sugeriu a criação de um programa específico, em nível nacional, para a melhoria da qualidade dos periódicos, sua avaliação conjunta, além da promocão de trocas e experiências (aprendizado por meio de visitas nacionais e internacionais).

Fernando Luís Cônsoli, Editor do Neotropical Entomology, fez as seguintes considerações:

1. Periódicos de qualidade possuem artigos de qualidade.

2. Os padrões de avaliação devem ser claros: somente o fator de impacto? E os demais indicadores?

3. Internacionalização dos editores e revisores.

4. “Avaliador sobrecarregado não faz avaliação bem feita.” (Palavras do próprio Fernando)

5. A maioria das revistas são de sociedades ou pós-graduação e, por isso, há casos em que os autores dessas sociedades ou programas se veem no direito “exclusivo” de publicar nesses veículos, sendo que devem ampliar o leque de revistas para publicarem, o que por vezes acaba gerando situações desconfortáveis para os editores.

6. A profissionalização é um problema sério para sociedades que não possuem aportes financeiros consideráveis.

7. Há que se fazer uma discussão filosófica das revistas nacionais para promover trabalhos de qualidade.

Por fim, Lewis Joel Greene, Editor do Brazilian Journal of Medical and Biological Research, fez suas considerações:

1. A auto citação é um problema.

2. No que se refere à linguagem, especificamente em relação ao dilema de publicar ou não em inglês, depende de onde o periódico quer chegar.

O evento foi encerrado com um debate entre os comentaristas e o público, e desse momento destaco a fala de Félix Moya, que considera que há muitos editores preocupados com o marketing científico, isto é, com a promoção de seus respectivos periódicos, deixando em segundo plano colaborações e melhorias para elevar a qualidade dos mesmos. Tal situação é decorrente, sobretudo, da disputa comercial entre os periódicos.

Como se vê, a ciência brasileira está em um bom momento, mas pelos apontamentos relatados percebe-se que ainda há muito ser feito. Mais do que estádios e toda a infraestrutura para receber a Copa e as Olimpíadas, o Brasil precisa aproveitar sua situação favorável para ser um verdadeiro campeão.

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